O ano de 2022 já está marcado na história por diferentes eventos globais. De certa forma relacionados, todos colocam à prova a capacidade de governar das economias em um ambiente desafiador. 

A geopolítica internacional precisa lidar com questões importantes como, por exemplo, a resistência da pandemia do Covid-19 e seus reflexos econômicos, a disputa bélica entre Rússia e Ucrânia, com reflexos que não se limitam à fronteira dos dois países, e uma disputa por poder que pode colocar em xeque o crescimento econômico das grandes economias internacionais. 

Não é de hoje que a geopolítica internacional está pautada entre ocidente versus oriente, sendo representado por duas grandes nações como os Estados Unidos e China. 

O comércio mundial talvez seja a principal forma para se identificar o avanço da influência da China no mundo. Desde os anos 2000, a China expandiu gradualmente suas relações comerciais com diferentes países, superando os Estados Unidos e se tornando a maior fornecedora de mercadorias para Europa, Ásia, África e América do Sul. 

Inicialmente, o crescimento da economia chinesa era visto como uma oportunidade para grandes empresas se instalarem e conseguirem produzir com baixo custo. No entanto, investimentos na área militar e em setores que possibilitam ampliar a agregação de valor em seus processos produtivos, tornaram a China mais competitiva. 

Essa mudança de perspectiva fez com que os Estados Unidos se intimidassem com o crescimento econômico e geopolítico da China, ao ponto de iniciarem uma guerra comercial em 2018, procurando enfraquecer a economia chinesa.

A resistência da pandemia, mesmo com o avanço da vacinação no mundo, continua pressionando as relações comerciais internacionais. Entre as grandes economias, a China talvez seja a que mais tenha sofrido com o avanço da contaminação no primeiro semestre de 2022. 

O governo adotou fortes isolamentos sociais por meio da política de Covid-zero, o que resultou em redução na atividade econômica, paralisação dos principais portos e maior pressão sobre os preços internacionais. Uma desaceleração no crescimento é esperada, uma vez que a meta de crescimento de 5,5% para 2022 não deverá ser alcançada. 

O preço das principais commodities passou a acelerar mais em 2022, à medida que a Rússia avançava suas tropas em terras ucranianas e o ocidente aplicava sanções econômicas e comerciais à Rússia como forma de enfraquecer o andamento do conflito. 

A resistência russa, no entanto, dá forças a Putin, que passa a ter mais influência na dinâmica da geopolítica internacional, em especial, na Europa. A Rússia é grande fornecedora mundial de grãos e insumos agrícolas, além de ser a principal fornecedora de gás da Europa. Essa dependência europeia do gás russo é usada como arma estratégica por parte de Putin nas negociações com a comunidade internacional.

E como fica a estratégia de uma das principais economias do mundo? Os Estados Unidos se planejam para adotar uma política de investimentos de longo prazo para conseguir gerar renda para a população, ampliar o setor produtivo nacional e crescimento econômico. No entanto, o ano de 2022 está sendo marcado por um processo inflacionário elevado – registrando, até junho de 2022, uma taxa acumulada de 9,1%, patamar mais alto em 40 anos do CPI.

Nos últimos meses, muito se discutiu sobre qual será o rumo da política monetária dos Estados Unidos e seus reflexos sobre a economia. 

As divergências recentes talvez não sejam tão claras. Teremos uma política monetária restritiva ao ponto de gerar recessão? Qual o reflexo disso para a geopolítica internacional, em um ambiente em que o enfraquecimento econômico da China, Europa e Rússia já é realidade? Haverá discussão para manter o crescimento dos Estados Unidos mesmo com um patamar inflacionário mais elevado?

Não há como dissociar a tomada de decisão de grandes economias sem ter como plano de fundo a geopolítica internacional, que, em última análise, se reflete em uma corrida pelo protagonismo e influência econômica mundial.